ARTIGO DO BISPO "Chegamos ao fundo do poço"

O título que o leitor acaba de ler não é meu, mas de um escritor brasileiro, Luis Fernando Veríssimo. Ao falar da sua visão sobre o programa televisivo BBB, ele afirma: “Conseguimos chegar ao fundo do poço.
DOM DINO 


A nova edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira”. Não sou um telespectador assíduo para curtir julgamento sobre programas da TV, mas pelo pouco que vi posso afirmar que compartilho da opinião de Veríssimo. Depois de ter partilhado com os leitores  a Mensagem do Papa Bento XVI sobre a necessidade de educar os jovens para a justiça e a paz e depois de ter assistido às manifestações de fé e de entusiasmo dos nossos jovens por ocasião da passagem da Cruz da Jornada Mundial da Juventude, não posso ficar calado perante o espetáculo degradante do BBB.

Por isso estou usando as expressões de Luis Fernando Veríssimo para que ninguém possa pensar que este é apenas o pensamento da Igreja Católica. Reflita sobre as palavras do escritor:
“Impossível assistir ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros…todos na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterossexuais.
Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis? São esses nossos exemplos de heróis? Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores) , carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor e quase sempre são mal remunerados.
Heróis são milhares de brasileiros que sequer tem um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir, e conseguem sobreviver a isso todo dia.

Heróis são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna. Heróis são inúmeras pessoas, entidades sociais e beneficentes, ONGs, voluntários, igrejas e hospitais que se dedicam ao cuidado de carentes, doentes e necessitados (vamos lembrar de nossa eterna heroína Zilda Arns.

O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral. São apenas pessoas que se prestam a comer, beber, tomar sol, fofocar, dormir e agir estupidamente para que, ao final do programa, o “escolhido” receba um milhão e meio de reais. E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a ‘‘entender o comportamento humano”. Ah, tenha dó !!!

E o escritor ainda fala do aspecto econômico do programa. Talvez seria interessante analisar o BBB sob este ângulo. Mas vamos para as palavras finais de Luis Fernando Veríssimo:

“Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores. Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa…, ir ao cinema…., estudar…, ouvir boa música…, cuidar das flores e jardins… ,telefonar para um amigo… , visitar os avós… , pescar…, brincar com as crianças… , namorar… ou simplesmente dormir. Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construído nossa sociedade.”

Fonte: http://jornaldecaruarucolunadodomdino.wordpress.com/

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